segunda-feira, 25 de maio de 2009

Excesso de Informação (?)

Parece não existir qualquer dúvida de que vivemos numa época em que existe um acesso facilitado ao conhecimento e à informação.

Com o aparecimento da televisão, no séc. XIX, a difusão da informação deixou de se fazer apenas através de palavras (imprensa escrita, rádio, boca a boca) passando a sê-lo também através de imagem. No entanto esta era pouco manipulável por parte do percipiente, ou seja, o receptor da informação/aprendizagem era um sujeito passivo na aquisição da informação. 

Neste campo, a internet veio mudar de vez o paradigma, hoje com a enorme quantidade de informação que existe, cabe a cada um de nós escolher as suas fontes e procurar a informação/conhecimento que vá de encontro aos seus interesses. Aparentemente este acesso à informação pode parecer como algo fantástico (e efectivamente é), no entanto acarreta uma série de problemas.

Acontece-me, por exemplo, frequentemente em discussões politicas ou com amigos apresentarem-me argumentos com base em informação retirada de sites como a Wikipédia. Esta enciclopédia internacional é bastante interessante, no entanto "vale o que vale" e esquecemo-nos demasiadas vezes que os textos que lá se encontram são editáveis por qualquer pessoa. Ou seja, nada impede, por exemplo, a uma criança de 10 anos chegar lá e dizer que  se descobriu recentemente que Napoleão tinha uma namorada secreta portuguesa chamada Francisca. Será que por estar lá escrito esta informação ela se torna real? Para muita gente sim.

A meu ver, isto é gravíssimo, o conhecimento (fora da ciência) tende ser construído com base em informação potencialmente errónea e sem que se questione as suas fontes.
Isto é tanto ou mais grave, quando se observa que nos próprios trabalhos académicos (levados a cabo por estudantes de licenciaturas), estas fontes aparecem como preferenciais.

Urge portanto, a reeducação da sociedade para que esta saiba lidar com o excesso de informação e tome conhecimento dos mecanismos (que os há) e técnicas a utilizar para distinguir a informação fidedigna da informação fictícia. 

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Uniformes nas Escolas

O jornal Correio da Manhã noticia que a CONFAP (confederação nacional de associações de pais), defende um retrocesso civilizacional, o regresso dos uniformes às escolas públicas. Tinha muito respeito por esta associação, no entanto percebo que muito mudou no mundo do "associativismo de pais", e que hoje em vez de combaterem pela liberdade dos seus filhos e por uma escola melhor, combatem por uma escola repressora e defensora de valores conservadores e violadores dos direitos humanos.

Obviamente, como Liberal Social assumido que sou e até como Psicologo Social, estou contra esta proposta.

Vamos a argumentos:

O vestuário é uma forma de comunicação, e efectivamente comunicamos uma ideia diferente de nós próprios ou da própria situação através da roupa.

Por exemplo se virmos um amigo nosso de fato e gravata que costume andar de forma informal, vamos perguntar porque é que ele vem com aquela roupa. Outro exemplo, normalmente quando vamos a uma entrevista de emprego  podemos vestir uma roupa mais informal para comunicar uma ideia de profissionalismo.

E por fim mais um exemplo, mais ligado aos jovens , um beto transmite uma ideia diferente de um rastafari também através do vestuário. Logo estarmos a proibir que as crianças e jovens se expressem de forma livre através da roupa estamos a violar uma das mais preciosas liberdades, a LIBERDADE DE EXPRESSÃO. 

 Outra das funções do vestuário é contribuir para a construção e afirmação da identidade, o que assume extrema relevância na adolescência em que é muito importante a identidade quer pessoal quer social. Desenvolvendo, os jovens (como qualquer um de nós) precisam de se afirmar enquanto seres individuais diferenciando-se dos outros que são diferentes deles (LIBERDADE DE SER DIFERENTE). Por outro lado também somos seres sociais, e a forma de vestirmos vai contribuir para no juntarmos  e afirmarmos a pertença a determinados grupos (ex. se me vestir “à beto” vou pertencer ao grupo dos betos)- LIBERDADE DE “ASSOCIAÇÃO”.

Por fim do ponto de vista educativo, um dos problemas das escolas mais conservadoras é não permitirem os alunos lidarem com a diferença. Por um lado existe a segregação de crianças deficientes, pobres ou ricas, de uma raça ou de outra, mas por outro lado existe algo igualmente mau – o uso de uniformes. Quanto mais as crianças “forem iguais” nas escolas menos vão lidar com a diferença, isto vai fazer com que andemos a formar adultos preconceituosos, intolerantes, resistentes à mudança e que lidam mal com os que são diferentes deles. EDUCAÇÃO PARA A (IN)TOLERÂNCIA.

Por todas estas razões, e mais algumas, indigno-me e digo NÃO ao uso obrigatório de uniformes nas escolas.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pena de Morte no Laos

Segundo noticia da TVI24 uma mulher Inglesa, grávida, de 24 anos pode ser executada por tráfico de droga no Laos.
Neste país é condenado à pena de morte qualquer individuo que seja encontrado na posse de mais de meio quilo de droga.
Outro aspecto curioso e negro nesta história, é que a mulher ficou grávida numa altura em que já se encontrava presa. Uma vez que neste país ainda não são aceites "visitas conjugais" (visitas nas quais os presos têm o direito a estar a sós e com privacidade com os visitantes e como tal podem desenvolver relações sexuais) existe uma elevada probabilidade de a gravidez se dever a uma violação no interior do estabelecimento prisional.

Apesar de o governo britânico ainda não o ter anunciado abertamente, parece que existe já alguma intervenção por parte de diplomatas ingleses com vista a resolver esta situação da melhor forma possível.

Em ano de eleições europeias, parece-me importante ressalvar a importância que a politica externa europeia poderá ter na resolução destes problemas de atentado aos direitos humanos e aos valores da sociedade ocidental. Deveria competir às instituições europeias mobilizar todos os recursos diplomáticas para evitar a violação dos direitos humanos dos cidadão europeus dispersos pelo mundo fora. É nestas alturas que se percebe que afinal o projecto europeu ainda está num estádio de desenvolvimento muito infantil e que, apesar de muitos apregoarem que a Europa deve falar a uma só voz, em matéria de politica externa (não menosprezando a importância que os estados membros podem e devem ter neste tipo de situações) isto ainda não é uma realidade.