sexta-feira, 15 de maio de 2009

Uniformes nas Escolas

O jornal Correio da Manhã noticia que a CONFAP (confederação nacional de associações de pais), defende um retrocesso civilizacional, o regresso dos uniformes às escolas públicas. Tinha muito respeito por esta associação, no entanto percebo que muito mudou no mundo do "associativismo de pais", e que hoje em vez de combaterem pela liberdade dos seus filhos e por uma escola melhor, combatem por uma escola repressora e defensora de valores conservadores e violadores dos direitos humanos.

Obviamente, como Liberal Social assumido que sou e até como Psicologo Social, estou contra esta proposta.

Vamos a argumentos:

O vestuário é uma forma de comunicação, e efectivamente comunicamos uma ideia diferente de nós próprios ou da própria situação através da roupa.

Por exemplo se virmos um amigo nosso de fato e gravata que costume andar de forma informal, vamos perguntar porque é que ele vem com aquela roupa. Outro exemplo, normalmente quando vamos a uma entrevista de emprego  podemos vestir uma roupa mais informal para comunicar uma ideia de profissionalismo.

E por fim mais um exemplo, mais ligado aos jovens , um beto transmite uma ideia diferente de um rastafari também através do vestuário. Logo estarmos a proibir que as crianças e jovens se expressem de forma livre através da roupa estamos a violar uma das mais preciosas liberdades, a LIBERDADE DE EXPRESSÃO. 

 Outra das funções do vestuário é contribuir para a construção e afirmação da identidade, o que assume extrema relevância na adolescência em que é muito importante a identidade quer pessoal quer social. Desenvolvendo, os jovens (como qualquer um de nós) precisam de se afirmar enquanto seres individuais diferenciando-se dos outros que são diferentes deles (LIBERDADE DE SER DIFERENTE). Por outro lado também somos seres sociais, e a forma de vestirmos vai contribuir para no juntarmos  e afirmarmos a pertença a determinados grupos (ex. se me vestir “à beto” vou pertencer ao grupo dos betos)- LIBERDADE DE “ASSOCIAÇÃO”.

Por fim do ponto de vista educativo, um dos problemas das escolas mais conservadoras é não permitirem os alunos lidarem com a diferença. Por um lado existe a segregação de crianças deficientes, pobres ou ricas, de uma raça ou de outra, mas por outro lado existe algo igualmente mau – o uso de uniformes. Quanto mais as crianças “forem iguais” nas escolas menos vão lidar com a diferença, isto vai fazer com que andemos a formar adultos preconceituosos, intolerantes, resistentes à mudança e que lidam mal com os que são diferentes deles. EDUCAÇÃO PARA A (IN)TOLERÂNCIA.

Por todas estas razões, e mais algumas, indigno-me e digo NÃO ao uso obrigatório de uniformes nas escolas.

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